quinta-feira

#medo

Eu tenho uns medos muito loucos que achei que só eu tivesse mas descobri que mais gente compartilha dessas nóias então compartilho com o mundo meus medos de:

- Morrer, chegar na porta do paraíso e São Pedro falar: não entrarás porque riu de Inri Cristo, o verdadeiro salvador.

- Encontrar uma sereia assassina e ela me falar QUEM MANDOU NÃO ACREDITAR NO DISCOVERY???

- Os brinquedos que eu guardo sem brincar até hoje se revoltarem contra mim e eu descobrir que Toy Story é real. E eu guardo até hoje todos meus bonecos dos Cavaleiros do Zodíaco, então se eles se revoltarem: fudeu.

- Espíritos de pessoas que morreram de forma imbecil (vide Padre do Balão) voltarem pra puxar meu pé porque eu ri deles.

Bônus track:

- Ser confundido com um ladrão em supermercados e/ou lojas. Então quando eu tô nesses lugares e preciso pegar ou colocar alguma coisa na mochila, mostro pra todo mundo que aquilo é meu e não tô furtando a Renner. E quando fui pros EUA eu fazia isso na rua também, pra todo mundo ver que eu tava tirando do bolso uma carteira de cigarro e não um detonador de bomba nuclear.

- Abrir armários antigos ou ir em sótãos ou porões e encontrar sei lá, a Anne Frank escrevendo um diário.

Na padaria, de manhã cedo


- BOM DIAAAAAAAAAAAA quer tomar o café preto ou com leite e com açúcar ou sem?


- Quero tomar o café em silêncio.

Saiu a lista de vencedores do prêmio Parece que Piorou – minha vida em 2013



- Pelo ano mais feio: artesanato com garrafa pet

- Pelo pior roteiro em 29 anos: Glória Perez

- Pelo pior remake (escolhida pelo remake de 2002, um ano também especialmente ruim): Iris Abravanel

- Pelo ano com mais piada sem graça da história: Ary Toledo

- Trilha sonora: Suzana Vieira cantando Per Amore

- Pelo ano que mais me fudeu: John Holmes

- Pela pior história: aquela do pintinho que não tinha cu e foi peidar e explodiu

- Pelo conjunto da obra: Cecília Gimenez, aquela que ~~restaurou~~ Jesus 

- Menção honrosa: aquela corrente de anjos que não passei adiante em 2006, que deve ter sido a culpada por tanta merda

- Resumo da ópera (ou da minha vida): vídeo do “já tava bom, disse que ia mudar pra melhor, não tava muito bom, tava meio ruim também, tava ruim, agora parece que piorou!”



Curiosidades sobre mim

Aí tava rolando no Facebook uma brincadeira de escrever curiosidades sobre si e aqui tão as minhas:

1 – Não sei andar de bicicleta.

2 – A tatuagem de gato que eu tenho na perna é em homenagem ao Vitório, meu vira-lata ruivo que me adotou por 5 anos e dormia todas as noites com a cabeça no meu braço.

3 – Quando eu tô lendo ou escrevendo pode chegar o Apocalipse que eu não vou notar.

4 – Eu toco violino. Fiz aulas por quase 8 anos e quando aprendi a tocar Hungarian Rhapsody (aquela música rapidíssima do Tom & Jerry, no episódio que o Tom é pianista) parei com as aulas.

5 – Não vou dormir com a pia suja e/ou a sala bagunçada. Portanto nunca me cobrem sobre a minha pia, pois ela tá sempre limpíssima.

6 – Quanto tô nervoso ou triste eu fico com as mãos fechadas, segurando os polegares.

7 – As pessoas só são autorizadas a interagir comigo depois que eu tomar um café (sem açúcar, sempre) e fumar um cigarro. Antes disso eu não funciono e o meu humor é equivalente a 10 TPM´s.

8 – Quando eu era pequeno, achei um passarinho morto na rua e levei pra casa pra abrir o coração e ver Jesus saindo. Fracassei.

9 – Eu tenho um troço chamado Misofonia, que é irritação com alguns barulhos tipo caneta automática, batuque na mesa, chaves e com gente que fala alto/grita. PORRA QUE IRRITAÇÃO.

10 – Tenho uma cicatriz no rosto porque levei uma paulada na cara quando era pequeno. Eu mesmo que dei a paulada.

11 – Não suporto mato nem nada longe da civilização. Mas se for praia eu vou até pra Pururuca do Pau Pequeno.

12 – Não sei desenhar nem fazer linhas retas nem círculos circulares nem pintar dentro dos limites do desenho nem nada.

13 – Já matei uma cobra (no pun intended), não tenho medo de aranha nem barata nem sapo etc, mas com morcego eu viro uma donzela.

14 – Eu já fui tão gordo, mas tão gordo que quando trocava o celular de bolso o DDD mudava.

15 – Nunca aprendi e nem faço questão de disfarçar coisas/pessoas que me incomodam. Elas que vão se foder e pelo menos assim quem eu gosto sabe que gosto de verdade.

16 – Sei cozinhar várias coisas bem pra caralho, mas meu arroz é quase sempre um fiasco.

17 – Não posso com gente tocando violão, tipo música ao vivo “voz e violão”. Rodinha de violão é uma coisa que me faz chorar de desgosto. Rodinha de violão cantando Legião Urbana e/ou Capital Inicial então me faz perder a vontade de viver.

18 – Eu sou muito, mas muito tímido.

segunda-feira

Meus quatro pais

Foi o quarto pai que perdi. Quase 30 anos, quatro pais e quatro despedidas. Primeiro meu pai biológico, que demorou dez anos pra me conhecer. Foi uma perda ali, mesmo que hoje eu conviva com ele. Então nesse tempo meu pai foi meu avô, pra quem eu dava todos presentes de Dia dos Pais, aqueles feitos na escola com lenços e prendedores de roupa. Ele guardou todos, absolutamente todos. Encontrei eles no dia que disse adeus pro meu vô.

Depois veio o Pedro, um amigo da minha mãe. Por um acaso da vida, um dia ele me quis como filho e eu o quis como pai. Amor de graça. Inclusive documentamos essa “adoção” numa carta que tenho guardada até hoje, junto todas essas coisinhas queridas que a gente vai arrecadando pela vida.

Quando o Pedro morreu achei que nunca mais fosse ter pai. Até que minha mãe casou com o Valter, uma das melhores pessoas que já conheci. Ele me quis como filho rapidamente, talvez pelo tamanho do coração e pelo prazer que tinha em viver. Eu fui mais resistente, por medo de perder mais uma vez. Mas depois nós nos divertíamos quando ele me apresentava como filho e eu o apresentava como pai, já que ele era negro e eu loiro. A cara de COMO ASSIM das pessoas sempre nos fazia rir. Aliás, ríamos de muitas coisas juntos. E hoje eu olhei pela última vez pra ele. Dessa vez, sem rir.

E claro que valeu a pena, mesmo que por pouco tempo e mesmo sentindo esse aperto mais uma vez. Porque a dor é a mesma, em todas as vezes. O que muda é que vamos ficando mais calejados pra sair da dor e recolher os caquinhos. E também pra saber que, por incrível que pareça, a morte não é a pior coisa que existe.

Hoje me despedi do Valter. E fortunadamente deu tempo de agradecê-lo por tudo. Por ter sido meu pai, meu amigo e por ter ajudado, de várias formas, a realizar os meus sonhos. Agradeci por ter me dado tanto e por ter sido tanto. E disse que o amava. Aprendi a sempre me despedir de quem eu amo dizendo isso. Até porque eu não sei se vou ter outra oportunidade de dizer eu te amo. Essa é a merda da vida, as despedidas. É uma dor gelada. E mesmo que essa dor seja pequena diante de tudo aquilo que se viveu – e de fato é -, continua sendo uma merda. A maior e a mais dolorida das merdas.

Mas estaria sendo muito mais dolorida se não fosse por tanta gente querida que ajudou, apoiou, ouviu, segurou a mão e doou o sangue. Se existe um lado bom nessa merda toda, é isso. Então muito, muito obrigado mesmo.

E a partir de agora meu pai sou eu mesmo. Afinal eu tenho um pouco desses meus pais em mim. E a eles toda a minha gratidão, a minha admiração e a minha saudade.

sexta-feira

Desgosto de 2013

Agosto de 2013, um ridículo do caralho. Um Carpinejar. O Hitler do ano. O mês mais arrombado do ano mais estranho em 29 anos.


Agosto de 2013, o mês que escancarou as besteiras feitas, os hematomas, os medos e os fracassos. O mês em que, durante as insônias, fez com que travasse conversas sinceras com um teto magoadíssimo.


Agosto de 2013, o mês que teve 60 dias e cada um deles durou 600 horas.


Agosto de 2013, o mês que só me fez ter vontade de chegar em casa e ter uma comida quente e um colo. Agosto foi o mês que esfregou na minha cara que “oi, você é um adulto e está sozinho e a vida é essa mesmo e se você não fizer nada, ninguém vai fazer”.


Agosto de 2013, ok eu já entendi. Entendi que se eu sobrevivi a você, sobrevivo a qualquer coisa. Obrigado, seu puto. Meu pior beijo pra você.

30 anos e 500 gatos

E um dia me barbeei e perdi todo meu menino. Fui dormir com vinte e poucos anos e acordei com quase trinta. Achei um fio branco no meio dos cabelos loiros, as costas resolveram reclamar por causa da mochila pesada da época do colégio e, veja só, ficar em casa assistindo um filme passou a ser mais tentador do que sacudir a carne Friboi na festa. 

E se com 20 anos levávamos a vida como Cio-Cio San de Madame Butterlfy, sempre prestes a enfiar uma espada no coração, aos 30 somos o Comandante Pinkerton, pois já enxergamos o final do continente, já dimensionamos o tamanho da tempestade e já enchemos a mala com o necessário pra sobreviver. Ainda vivemos dentro da ópera, mas já no segundo ato. 

Chegamos em casa com gripe e, sozinhos, limpamos e cozinhamos e arrumamos e tomamos conta de nós mesmos. E talvez pela primeira vez na vida sentimos medo de morrer sozinhos em casa cercados por 500 gatos. E esse medo faz com que a gente se sinta ainda mais vivos porque temos finalmente a percepção de que o tempo passa, e rápido. E mesmo que o tempo volte, ele jamais vai trazer de volta o que levou. 

Aos 30 fazemos a curva, queremos qualidade e não quantidade e fincamos a nossa bandeira no primeiro grande patamar. “Fazer 30 anos é como uma pedra que já não precisa exibir preciosidade, porque já não cabe em preços”, escreveu o Affonso Romano. 

A tatuagem das asas que fiz com 20 e poucos anos nunca teve tanto sentido. Pois agora é a hora do “maravilhamento” da vida, de ter a sagacidade de um infante e ser mais do que Che em luta. É a hora de eu ser apresentado a mim, esse estranho que eu conheço (?) tão bem.

segunda-feira

(...)



- Mas e então, o que você faz?


- Tento me exorcizar pelo poder da gramática.


- Como é?


Claro que o recepcionista da pensão não entendeu. Não por ele ser recepcionista, nem por ele ter mais de quatrocentos anos, mas porque só fazia sentido pra mim, essa coisa de se exorcizar pelo poder da gramática. Eu escrevia. Escrevia por uma estranha necessidade de ser ouvido. Só que essa necessidade só pode ser suprida quando o ouvinte compreende totalmente o que é dito. Por isso se conversa sozinho, escrevendo. Eu escrevia pra aliviar a cabeça, que desde sempre foi povoada por uma legião de dançarinos de frevo pulando sem parar, cada um falando uma cosia diferente. Um horror.


- Eu escrevo.


- Hum. É escritor então.


- Não senhor, não sou escritor. Eu escrevo, é diferente. Dizer que eu sou escritor sem ter lançado nenhum livro é muito pretensioso.


- Então eu coloco o quê aqui na sua ficha?


- Nada, ué.


- Não posso deixar em branco porque senão o dono da pensão não aceita porque vai achar que você não tem dinheiro pra pagar. Mas você tem dinheiro, não?


- É claro que eu tenho.


Mentira, eu não tinha um puto tostão no bolso.


- Então vou colocar escritor-que-ainda-não-lançou-nenhum-livro.


- Não coloca que sou escritor. A maioria das pessoas acha que escritor é vagabundo. É não fazer nada, acordar a hora que se quer, não trabalhar. E pior, não sofrer. Essa maioria acha que é só sentar a bunda numa poltrona confortável e escrever. Mas o senhor saiba que escrever é muito dolorido. Dói demais esse processo de nos enxergarmos e então desfocar a nossa história, sublimá-la e conseguir colocar no papel. Escrever é um processo de extrema dor, entrega, exaustão, e generosidade.


- Mas e então por que você não faz outra coisa?


- Porque eu não consigo. Escrever também é uma necessidade. Quase sempre eu tenho muita coisa na cabeça, sabe? É uma maneira de não explodir meu cérebro. E tem a necessidade de ser gostado também. Quem escreve espera que os outros leiam e gostem não só do que está escrito, mas principalmente do escritor. Escrevemos por uma estranha necessidade de sermos gostados, ao ponto talvez de achar que ninguém nunca vai poder nos rejeitar ou magoar porque, afinal, lá estão os nossos livros nas prateleiras das melhores livrarias do mundo. Eu estaria perto de Jean-Paul Sartre, seja por nome ou sobrenome. As pessoas olhariam pra prateleira e diriam “aqui temos Os Caminhos da Liberdade e ah, aqui está o novo livro de Julio Steffenon”. E assim eu perpetuaria a minha existência além de porta-retratos cheios de pó. E justificaria o trabalho que eu dou.


- Sei. Vou colocar aqui que você é engenheiro, ok?


- Ok.

quarta-feira

...


"Dos piores sentimentos, a angústia e a saudade estão no topo. São as gêmeas xifópagas que personificam o estado de total desespero.

A saudade em questão, claro, não é a saudade da nossa cama ou de passar uma tarde longe de quem amamos. Falo da saudade de alguém que já morreu. Da saudade de um amor que já morreu. Saudade do que não volta ou do que nunca veio. Saudade que espreme o coração.

E a angústia é a que torce o estômago e nos deixa gelados. Petrificados numa inquietude agonizante. A trilha sonora da angústia é Carmina Burana. A da saudade é Soneto da Separação."